"And now for something completely different..."

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Testemunhas de Toyota

Long story shortened: Eu me converti.

Essa história aconteceu há alguns dias atrás, quando eu fui passar o final de semana na casa da minha namorada... E aconteceram alguns eventos que acabaram mudando a religiosidade de muitos ateus ali presentes.

Bem, assim como muitas experiências espirituais, talvez essa história não tenha muita graça e nem faça muito sentido para quem não estava envolvido. Nesse caso, eu não estou nem aí! (mas tentarei explicar tudo da melhor forma possível)

Tudo começou na Estação Butantã, enquanto esperávamos a amiga da mãe da Michelle - Paula - nos buscar com o famoso e controverso carro que pertence à mãe da Michelle. Heh, quão tolos nós éramos naquela época, achando que tudo daria certo... Tamanha ingenuidade nos foi arrancada num ímpeto estuprador do destino. Enquanto esperávamos, nós dois tivemos uma breve conversa sobre palavras aleatórias para se inserir repentinamente no meio de qualquer diálogo, e chegamos à conclusão de que POLENTA é uma palavra detentora de um imenso potencial aleatório.

- E eu tava lendo sobre isso ontem na internet, parece bem verídico e tal.
- Não, mas polenta.
*risos*

Uma vez dentro do carro, com a Paula na direção, estávamos à caminho de nosso destino, e tudo ia bem... Até que paramos num semáforo. Na calçada, do lado direito, coincidentemente, Paula avistou alguma amiga dela esperando o ônibus. Quando foi abaixar o vidro para falar com ela... Lembramo-nos de que o vidro da porta direita estava emperrado, logo, a comunicação não foi possível. O faról abriu, e seguimos viagem após algumas tentativas mimicadas de pedidos de desculpa, explicações e despedidas através da janela fechada.

... Pensando bem, aquele foi o primeiro sinal.

O segundo sinal foi bem claro e inquestionável, tal qual um murro na testa: O carro começou a sofrer estranhos e violentos solavancos, típicos daqueles que antecedem o esgotamento da gasolina. Uma rápida observação no ponteiro de combustível revelou o óbvio: O carro ia parar.

Ligando o pisque-alerta, entramos capengamente no primeiro local que apareceu em nosso caminho: Uma concessionária da Toyota, com um grande estacionamento vazio à frente. Foi na calçada em frente à ela que o carro morreu de vez, e então, saímos para empurrá-lo. Eu e a Michelle faríamos o trabalho, mas eis que aparece um senhor de idade, cabelos esbranquiçados, vindo de lugar nenhum. Apesar de já estarmos conseguindo mover o carro, ele nos prestou um pouco de ajuda no ato de empurrar, e após levarmos o carro para um local decente no pátio da concessionária da Toyota, ele já havia sumido. Não conseguimos nem agradecer.

Mas velhos que aparecem e desaparecem tal qual as chuvas de verão são um evento comum nesta época do ano, e não demos muita importância à isso. Ao invés disso, abrimos o porta-mala e pegamos um galão de gasolina vazio, torcendo para que o único problema do carro fosse mesmo a falta de combustível. (Afinal, o carro já era conhecido por possuir diversos problemas, além de não ter conhecido a manutenção há muito mais tempo do que seria considerado saudável. Tenham isso em mente: Para ligar o carro, usa-se uma chave de fenda no contato!)

Eu e a minha querida Michelle fomos até o posto mais próximo - que por sorte estava há menos de um quarteirão de distância, logo antes de onde paramos - carregando o galão vazio e todas as poucas moedas que nós três possuíamos no momento, totalizando dez reais. (afinal, havíamos acabado de passar no supermercado)

Uma vez no posto, explicamos a situação e pedimos para encher nosso galão; curiosamente, enchê-lo custou exatamente 10 reais. Mais um golpe de sorte.

Voltando ao pátio da concessionária, encontramos Paula conversando com o segurança da portaria da Toyota, um senhor não-tão-de-idade, que devia ter no máximo seus 40 anos. Ela explicava a situação, e ele acabou nos ajudando não só a colocar a gasolina com a ajuda de um tampo de garrafa que ele conseguiu dentro de seu posto, como também a verificar nosso motor após abrir o capô, observando-o enquanto Paula acelerava. Muito bem, tínhamos gasolina novamente e esse parecia ser o único problema do carro no momento. Entramos todos no carro, agradecendo enquanto Paula o chamava de "anjo da guarda", e saímos lentamente do estacionamento em direção à avenida, sorrindo e satisfeitos com o desfecho da aventura...

Oh, quão inocentes nós éramos. Naquela época, achávamos que as coisas poderiam se resolver de forma tão, tão simples...

Não andamos nem 3 metros quando o "anjo da guarda" pediu novamente que parássemos... E logo notamos que fumaça saia do capô do carro à nossa frente. Saindo do veículo, notamos a poça e trilha de óleo que o carro havia deixado para trás. Após desligarmos o carro e termos certeza de que aquilo no chão era mesmo óleo, e não gasolina, novamente o segurança pediu para levantarmos o capô. Mais fumaça saiu, e ele confirmou suas suspeitas: Aquele óleo vazando era proveniente do sistema de direção do carro.

Já pensávamos que só íamos sair dali guinchados, quando após algumas tentativas finalmente conseguimos fazer o motor do carro funcionar novamente. Não estávamos tãão longe de nosso destino, e por isso, decidimos arriscar. Paula conhecia os problemas do carro, e a falta de óleo na direção apenas deixaria o veículo mais duro e difícil de dirigir: Nós conseguiríamos chegar até a casa da Michelle. Supostamente.

Após outra despedida, cheia de agradecimentos e sorrisos, o segurança nos deixou com o aviso de não acelerarmos muito e nem forçarmos demais a direção, pois o óleo que vazava ferveria novamente e voltaria a soltar fumaça, até não ter mais óleo nenhum. Saímos da concessionária Toyota com o esforço dos doloridos braços da Paula, que lutavam contra o volante enrijecido pela falta de lubrificação. Qualquer curva era um parto, além dos constantes avisos de pedestres e motoristas apontando pro nosso capô e dizendo o óbvio: "Tá saindo fumaça, dona!". You don't fuckin' say.

Ah, mas então você já deve estar pensando, meu caro leitor, que isso foi aventura suficiente por um dia, e que voltamos para a casa da Michelle sem maiores ocorrências, são e salvos. Pois aí sua inocência e ingenuidade para com as coisas da vida se encontra no mesmo nível em que as nossas estiveram antes daquele dia, mas nada que algumas porradas do destino e sodomias surpresas não mudem. Aquilo que não te mata, te deixa mais forte, e com um andar legal.

Pois estávamos tentando evitar o trânsito da Raposo Tavares às 7 horas da noite numa sexta-feira, e nesse intuito, estávamos trilhando um caminho alternativo que supostamente a Michelle fazia quase todos os dias, e por isso, deveria saber... Mas quem disse que ela, ou qualquer um ali presente, conhecia o caminho?

Cada curva, cada entrada, foi uma aventura de riscos e incertezas, com direito a comemorações e exuberantes cânticos e risos de vitória ao confirmar que continuávamos no caminho certo. "Acho que é ali, se tiver uma pista de skate, é ali. Droga, cadê a pista? Acho que entramos errado... Tinha que ter uma pista de skate... ALI! ISSO, É ELA!!! AEHOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!" 

Mas o caminho foi ficando mais incerto, e ninguém mais sabia porra nenhuma. Eis que à nossa frente, dirigia-se um TOYOTA Corolla. Na dúvida, seguimos o Corolla. Estávamos dirigindo devagar, bem abaixo do limite de velocidade, e mesmo assim, ele continuava à nossa frente, como que acompanhando a nossa velocidade. Sempre que tínhamos dúvida de onde entrar, o Corolla fazia o caminho certo, e nós gritávamos "SEGUE O COROLLA! SÓ SEGUE O COROLLA!! Direito ou esquerda...? ELE FOI PRA ESQUERDA! SEGUE ELE!!!"

Pois bem, seguimos o misterioso Corolla em velocidade reduzida, que nos guiava milagrosamente pelo caminho correto... Até que finalmente sabíamos aonde estávamos, e enquanto a avenida seguia em frente, nós deveríamos tomar a entrada da rua à esquerda. Mas o Corolla não iria fazer esse caminho, será que deveríamos nos separar de nosso místico e coincidente guia?

Pois acredite em mim quando eu digo, meu caro e bípede leitor, que foi nesse momento, enquanto debatíamos a entrada que deveríamos tomar, que o Corolla desacelerou numa breve paradinha, piscou a seta uma única vez para a esquerda, e então seguiu seu caminho, talvez para ajudar outras pessoas necessitadas.

Pasmos, arrepiados, malucos e extasiados, pegamos a entrada à esquerda, que nos levou, finalmente, ao nosso destino.

Se quem dirigia aquele carro era o mesmo segurança da concessionária Toyota, a quem Paula havia chamado inocentemente de "anjo da guarda", ninguém sabe.

O que eu sei, meu pasmo e incrédulo leitor, a minha única certeza... É que quando chegamos ao apartamento da Michelle, um prato de polenta nos aguardava.

"Bom dia senhor, gostaria de ouvir o ronco do motor de Nosso Salvador?"

4 comentários:

MikaHylian disse...

ALL HAIL TOYOTA!

Sério, maior aventura da minha vida! Ri baldes relembrando.

Que a paz de Toyota esteja com você.

Marcelo »Queijo disse...

"Mas velhos que aparecem e desaparecem tal qual as chuvas de verão são um evento comum nesta época do ano"


Que época? Verão? rs

*LUA* disse...

QUERO ENTENDER ESSA COISA AÍ DITA SOBRE O MEU VEÍCULO OK?????????

Obrigada e bom dia!!!

Bruno Antonelli disse...

Explicando: Seu veículo é bem excêntrico, ele possui muita personalidade. =D

Não tem de que, e bom dia!